A cor tinta de uma primavera de sonhos explodia nos nervos
plácidos da folhagem do ipê. Era o pé de sua primavera sagrada, onde além de
sonhos, plantava um sentimento para ser germinado nas raias inavegáveis do
ainda amanhã. Uma quimera olímpica. Ela era apenas uma sublime e fantástica
inspiração, e nada mais. Teria trocado sua fama póstuma na imortalidade
daquelas letras mágicas por uma vida inteira agarrada no presente de seu amor. Mesmo que o inteiro fosse só uma metade. Beatriz conduziu seu amado ao paraíso, mas morreu terrivelmente só. Ele era um
poeta da vanguarda submissa, nunca observado pelo nada além dos olhos de um mundo
de ninguém, até que seus olhos o conduziram a uma fascinante e premiada combustão literária. Ela era uma mulher da luz interminável, e brilhava não só apenas por corresponder a um sentimento
maior que o mundo, mas por abraçar o mundo com seu interminável sentimento. Ele
não soube o que fazer com ela depois disso, nada além
da solidão dos teclados mortos na violência das palavras vivas. Ela permaneceu
esperando seu amor despertar e tomar a forma tenaz de um incólume guerreiro no
parto do amanhecer. Esperou em vão. Ele se afundou sozinho na fama da poeira dos
livros. Ela morreu entre a poeira da solidão e o paraíso do seu sonho. Um
limbo de retaguardas inalcançáveis. Deixaram toda a esperança do lado de lá! Chorava
letras e versos decorados quando envelhecida lia a obra mágica cujos lábios na
ponta de seios imaculados num dia passado de verão, serviram não só ao tato do poeta assassinado, mas às
filigranas da alma profunda da sua mortífera inspiração. E morria presa na
contra capa do livro. Imortalizava-se a cada ausência de si mesmo nos outros infinitos desconhecidos. Vivia assim o resto dos seus dias pálida na frieza desprezível da arte enquanto ao mesmo tempo morria no calor divino da humana indiferença da trágica comédia da vida.
esse acho q é o melhor... Dante e Beatrice...linda interpretação castreana...😘🙅🏼🔝
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