sábado, 6 de agosto de 2016

DULCINEIA

Apenas uma lembrança velada pelo tecido de seus olhos, ela nao existia mais. Era a
imagem do que teria sido sendo o amor de um louco. Dulce nada sabia sobre sua inexistência. Pulsava  nas vísceras de seus pensamentos entorpecidos. O vinho molhava a cor de seus labios aguados. Era uma alucinação de mulher. Ele queria que ela fosse real. Talvez fosse, somente para ele. Ninguém nunca a enxergou. Era como o ar atravessando as veias do tempo. O vento escorrendo pela face. Pelas paredes sendo desmanchadas pela dor da erosão. Um dia foi se maquear. Era jovem outra vez. A pele enrrugada era novamente uma tez de veludo rosa. Uma mulher delírio enxergando seu reflexo nos olhos do espelho de seu amor. Enxergando seus olhos num sonho! Ali, na dor perene da madrugada fria, dentro de um lugar escondido num abismo, Dulcineia existiu por uma ultima vez. O homem morreu de tempo, e com ele todas as suas intraduzidas  humanas memórias. Medievais. Assim desapareceu Dulce para sempre, o casto amor de um verdadeiro Don. Um perfil deletado de uma esquizofrenica página virtual.

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